Todo dia uma última vez

Eu não me lembro a última vez que brinquei com os meus amigos de infância na rua. Mas ainda me lembro deles.

Não sei qual foi o último domingo que a minha avó fez o almoço e me avisou que estava pronto. Ela não está mais aqui, mas o tempero dela eu nunca vou me esquecer.

Não me recordo do último copo de leite com achocolatado que a minha mãe me entregou pela manhã, mas recordo a paz que me trazia tomá-lo enquanto assistia desenho.

Nós somos seres de fases e nossas prioridades mudam. Coisas que antes eram importantes demais hoje já não fazem mais sentido. Deram lugar a outras que surgiram enquanto fomos envelhecendo.

Todos os dias pode ser a última vez que fazemos coisas importantes, mas não conseguimos perceber. E quando nos damos conta, aquilo ficou no passado. Resistindo apenas nas nossas memórias.

E quais lembranças temos criado a cada dia, cada experiência e deixado para cada pessoa que conhecemos? Precisamos viver com a intensidade de uma última vez. O presente é o único lugar onde podemos criar as nossas memórias. E só elas vão ficar para sempre.

Se tirassem hoje de você as expectativas com o futuro e as lembranças do passado, te restaria o que para viver o presente?

Hoje é o único dia em que você pode criar as suas melhores lembranças. Não desperdice a única coisa que você tem.

Guilherme Givisiez

Nós dois e o pé de feijão

Eu queria poder, além de ouvir os desabafos a respeito dos seus problemas, resolvê-los. Acho-os grandes e pesados demais para uma pessoa com um coração tão frágil e bonito quanto o seu carregá-los. Mas, além da minha escuta e dos meus conselhos um tanto quanto desastrados, tudo o que eu te oferecesse poderia distanciar você de mim. Assim, nem a ínfima esperança de ser feliz com você um dia eu teria mais. E, por mais que seja demasiadamente triste, eu prefiro as projeções utópicas que crio sobre nós dois a não ter nada de você.

Se você conseguisse ouvir o que diz meu coração e não somente o que sai dos meus lábios, veria que as minhas palavras são apenas gotas que escapam do oceano de sentimentos que sinto por você. Como ondas fortes eles me quebram por dentro, mas deixo sair da minha boca apenas gotas para não te assustar e não te afastar. Eu prefiro o caos de ter que lidar com a revolta dos meus mares internos a te apresentar as minhas tempestades e vê-lo partir. Eu me afogaria…

De todos os sinais que aprendi, apenas um seria o suficiente para dizer que te amo, mas nem todos eles juntos seria o bastante para te mostrar o quanto. Admirando os detalhes das suas mãos enquanto te via fazer seus próprios sinais, sentia vontade de tocá-las. Mas, assim, meus sentimentos ficariam óbvios demais e isso poderia fazer um tchau ser o último sinal que você direcionaria a mim. Entre nunca tocar as suas mãos, mas ainda poder vê-las, eu prefiro admirar a evolução dos seus sinais sem o meu tato.

Escrevi muitas vezes, assim como agora, sobre você. Sempre foi mais fácil me expressar com palavras escritas, mas, em contrapartida, também sempre foi mais fácil me desfazer delas. Todas as cartas, frases e tudo o que traduzi em palavras a seu respeito, se tornaram papeis amassados que foram para o lixo. Mas entre te ver ir embora por se sentir invadido pelas minhas palavras ou perdê-las, eu prefiro amassar os meus rascunhos e deixá-las no esquecimento.

Depois de um tempo, percebi que as dúvidas e o medo me impossibilitariam de demonstrar qualquer tipo de sentimento que eu pudesse nutrir por você. Não apenas o medo de ouvir um não, mas, principalmente, o receio de me tornar uma pessoa invasiva a seus olhos. Eu tenho qualidades demais para deixar você carregar apenas isso a meu respeito. Comecei, então, a colocar pontos finais em tudo o que nascia em mim e era oriundo de você. Todas as borboletas que moravam no meu estômago e voavam quando te via, tornaram-se pontos. A cada plano que eu criava e te incluía, um ponto nascia. A cada vontade de enviar uma mensagem, dizendo que uma música ou algo ainda mais trivial me havia lembrado você, eu via outro ponto crescer. A cada sorriso bobo que me escapulia, com um ponto final eu o prendia. Assim, de tantos pontos que precisei colocar nos sentimentos que tinha por você, vi um texto em braile na minha pele aparecer. Tudo o que eu sentia e tentava esconder estava lá, escancarado. Queria que você me lesse em braile, mas fui covarde comigo mesmo e nem sequer te mostrei os meus pontos.

Por falta de coragem, por respeitar as suas verdades ou por não me sentir digno do amor que talvez você pudesse vir a ter por mim, sabotei quase todas as formas de demonstrar os meus sentimentos. Mas uma delas, por mais que eu tentasse esconder, por mais que o medo não me deixasse dizer, por mais que eu fingisse não ter nada a ver, sempre disse tudo. E, por mais que as minhas palavras não digam, que os meus sinais mintam e os meus textos a seu respeito não mais existam, o meu olhar sempre brilhou quando te vi e, no brilho dele, sempre esteve explícito tudo o que eu tentei esconder. Mas mesmo assim, ainda hoje, você insiste em não saber.

Se eu pudesse, compraria pés de feijão, te levaria para as nuvens e te contaria tudo. Te chamaria para construir um castelo e te convidaria para ser feliz comigo lá. Longe dos gigantes que existem aqui embaixo e podem nos afastar. Eu desarrumaria a gola da minha camisa todos os dias só para te ver a alinhar. Mas do que me resta, além da culpa gigante por não ter tido ousadia para me declarar a você, uma coisa consola o meu ser: meus sentimentos sempre estiveram explícitos no meu olhar, por mais que eu tentasse esconder.

Você que nunca conseguiu ver…

Guilherme Givisiez

Coração de cinzeiro

O amor é como um cigarro: a paixão o acende, o desejo fortalece a sua brasa e o coração recebe toda a toxina que vicia. Mas, assim como um cigarro, o amor também tem validade. Quando a brasa encontra o filtro, o amor se apaga.

Odeio deixar os meus cigarros pela metade, mas não vou perder tempo tentando fumar um que já se apagou. Tornamo-nos intragáveis e, agora, o que me resta é deixá-lo na memória. Num cinzeiro cheio de cigarros pela metade e histórias que eu nunca consegui terminar.

Como um isqueiro com pouco gás, nosso amor nasceu moribundo. Nos apagamos cedo demais.

Guilherme Givisiez

Invisível

Sabia que não deixaria uma contribuição relevante para o mundo. Não seria lembrado por nada, não seria lembrado por ninguém. Não haveria monumentos em sua homenagem; nas praças não seriam colocadas estátuas com o seu rosto; sua assinatura não nomearia uma cidade, não nomearia um bairro, nem sequer uma rua. Assim nasceu, assim morreria: invisível.

Mas, embora a ideia de ser conhecido e lembrado por um povo pudesse parecer fascinante, durante um tempo o fato de ser especial e inesquecível para apenas uma pessoa já o seria suficiente. Até se abriu para o amor durante a juventude, mas, sem sucesso, perdeu as esperanças de encontrá-lo. Sua cara metade sempre foi um sujeito oculto em suas orações. A única coisa que o fazia levantar da cama todos os dias era o seu trabalho como porteiro. Também porque precisava do salário para sobreviver, mas principalmente porque aquela era a única parte do dia em que ele não se sentia um completo inútil.

Em um pequeno quarto na garagem do condomínio, guardava tudo o que possuía: uma pequena televisão sobre um rack marfim, seus uniformes pendurados em cabides dentro de um guarda-roupas tabaco, uma cama de solteiro em mogno, o fogão de quatro bocas e uma geladeira. Tudo ali dentro, incluindo as roupas que vestia, eram móveis e objetos que os condôminos ofereciam a ele antes de jogar fora. Para a sorte dele, aqueles eram tempos líquidos, onde as pessoas se enjoavam e desfaziam de tudo rápido demais. Nada era feito para durar.

De bom dia em bom dia, até fez amizade com alguns condôminos, mas toda a comunicação era realizada pelo telefone, interfone ou atrás das grades da guarita. Exceto quando precisava entregar as encomendas. Neste caso, as portas dos apartamentos era o limite entre a sua afeição e a sua solidão. Pouco sabia sobre a vida dos moradores e pouco sabiam sobre ele também.

Sempre simpático, utilizava a sua cordialidade com todos os que via, exceto com o seu reflexo no espelho. Sorridente, tratava com afeto as pessoas que cruzavam o seu caminho, mas era sempre cruel consigo mesmo. Sem autoestima, sentia-se incapaz de conquistar qualquer coisa além das roupas e dos móveis usados que ganhava. Assim, acostumou-se a ser apenas um porteiro, sem nome e sem história. Seus sorrisos terminavam quando, após o expediente, sua chave abria a porta do quartinho e começavam ao trancá-la para iniciar mais um dia de trabalho, que exigia bom humor.

Embora não gostasse de si mesmo, nunca conseguiu ser diferente. Na verdade, já nem queria mais. Não se sentia merecedor de qualquer oportunidade que surgia em sua vida e sabotava todas possibilidades de mudá-la. Tomou para si a verdade de que a sua existência se resumia a entregar as encomendas que recebia e a ser apenas uma voz cordial que, atrás das grades da guarita, dizia bom dia.

Perdeu, com o passar do tempo, as únicas coisas que ninguém pode perder: a fé e a vontade de viver, pois quando se perde isso, ganho nenhum faz mais sentido. Nada faz! Poderia ficar mais 60 anos abrindo e fechando a porta de seu quartinho todos os dias, recebendo as encomendas e dando bom dia, mas já havia sucumbido há tempos. Embora estivesse vivo, havia aceitado a triste realidade de que assim nasceu, assim morreu: invisível…

Guilherme Givisiez

Entrevista – Rede Minas

Entrevista cedida à Rede Minas sobre o Dia da Internet Segura. Na ocasião, tive a oportunidade de apresentar a página do Amores Líquidos e falar sobre a insegurança a qual nós, artistas que utilizamos a internet para divulgação de nossos trabalhos, estamos sujeitos.

Copos de Leite

Nunca sonhou em receber um buquê de rosas, mas a única flor que Margarida não gostava era de si mesma. Embora amasse as flores e achasse os buquês uma demonstração de amor, sabia que, apesar de lindas, as flores estavam mortas. Não cresceriam, não dariam mudas, se perderiam rápido demais… Pensava em tudo a longo prazo: as amizades, os empregos, as flores, os amores. Mas, tirando o vaso de copos-de-leite, que ostentava próximo à janela da sala de seu apartamento, tudo em sua vida era passageiro.

Dois quarteirões ou, se medido em linha reta, menos de um quilômetro separava a janela da sala de Margarida da janela do quarto de Pedro. Amante da natureza, mas fiel à urbanização, Pedro achava as flores lindas, mas, em seu apartamento, só as via nos azulejos da cozinha e no detalhe de uma de suas toalhas. Gostava dos copos de leite, principalmente quando o leite estava gelado. Acreditava no amor, mas não sabia onde encontrá-lo. Seu quarto bagunçado era o seu refúgio e, quando pensava em arrumá-lo, dizia em voz alta:

_ É impossível arrumar as coisas por fora quando por dentro está tudo uma bagunça.

Talvez por não saber onde começar, nunca teve ímpeto para arrumar o seu interior.

Margarida, em mais uma noite de insônia em seu minúsculo e quase inóspito apartamento, vai fazer o seu monólogo de todos os dias. Pega o cigarro, o isqueiro, o cinzeiro e vai para a janela. Não se considera viciada, embora fume há mais de um ano. Só fuma em casa, pois tem medo de ser flagrada pelos colegas de trabalho. Acende o cigarro e, olhando a imensidão da cidade que a engoliu, repete a frase que traduz a sua filosofia:

_ O amor tem o tempo de um cigarro aceso para me encontrar.

Mas o amor nunca a encontrou. Talvez porque ela fume rápido demais, ou simplesmente porque Margarida só fume em seu apartamento e os únicos seres vivos, além dela, que o habita são os seus copos-de-leite.

Pedro, fotógrafo freelancer, acaba de editar a última foto do dia. O relógio em seu pulso anuncia: 3h. Vai à geladeira, prepara um copo de leite, acende o cigarro. Leite e cigarro não é uma combinação muito comum, mas é o que o acompanha todas as noites. Olhando a cidade pela janela de seu quarto, apenas o apartamento de Margarida tem a luz acesa. A cidade adormeceu cedo demais, deixando ambos abandonados. Pedro põe-se a pensar: “Será que o amor da minha vida está naquele apartamento, o único com a luz acesa a essa hora?”.

Dois quarteirões distantes de sua janela, Margarida, com um cigarro em uma das mãos e acariciando os seus copos-de-leite com a outra, põe-se a pensar: “Estaria dentro daquele apartamento, o único com a luz acesa a essa hora, o amor da minha vida?”

Ambos se olham, mesmo sem se ver; se questionam, mesmo sem se falar; e, indiretamente, desejam ser encontrados um pelo outro. Após alguns minutos de esperança, a luz do quarto de Pedro se apaga.

_ Droga! Vou ter que trocar a lâmpada às três da manhã… _ Diz o fotógrafo.

Pedro deixa o copo e o cigarro sobre a janela. Pega uma lâmpada nova e uma escada. Margarida, embora odiasse deixar os seus cigarros pela metade, apaga o seu, com a brasa ainda longe do filtro. Teria disposição para ficar mais tempo, mas viu a luz daquele apartamento se apagando como um sinal de que a esperança para aquela noite havia se acabado. Despede-se de seus copos-de-leite, apaga a luz da sala e se deita.

Pedro troca a lâmpada e a acende, mas a luz da sala de Margarida já não brilhava mais. Assim como os olhos de ambos, acesos pela possibilidade de encontrarem o amor, mas apagados pela falta de coragem de ambos. Por um momento se perderam, imaginando como seria se amor de suas vidas estivesse naquelas janelas.

E estava. Mas eles não sabiam…

Guilherme Givisiez

Estações

Desce as escadas e se encaminha à plataforma do metrô. Ao chegar, pega o seu celular no bolso para escolher a trilha sonora que o acompanharia até chegar ao trabalho. Ao lado dele, duas adolescentes com uniforme escolar e mochila nas costas, conversavam. Embora a estação estivesse cheia, como de costume, efusivas, era fácil ouvir as amigas conversando. Os fones do rapaz estavam no ouvido, mas, indeciso, nenhuma música tocava ainda. Assim, durante um tempo, de forma involuntária, acompanhou o assunto das duas.

Sabia que era antiético ouvir a conversa alheia, mas se interessou pelo assunto e, por opção, não deu play na música que havia escolhido. Intrigado com as gírias que as garotas falavam, começou a tentar decifrá-las. Era muito melhor ocupar a cabeça com gírias adolescentes desconhecidas e conversas juvenis a ter que pensar nos inúmeros problemas maiores que haviam chegado com a sua vida adulta. Embora odiasse pessoas efusivas, os risos altos, típicos de garotas daquela idade, tornaram-se terapia naquele momento.

Depois de alguns minutos, além da efusividade ter diminuído a sua paciência, a consciência do rapaz pesou por estar ouvindo desabafos pessoais de duas desconhecidas. Desbloqueou o celular, deu play na música e, segundos antes de aumentar o volume, ouviu quando uma menina perguntou à outra:

_ Amiga, se você fosse uma estação, qual você seria?

Aumentou o volume e não ouviu a resposta delas. Embora aquela pergunta fosse totalmente banal diante dos complexos questionamentos existenciais que permeavam a mente dele e, mesmo que aquela pergunta, assim como toda a conversa ouvida, não tivesse sido direcionada a ele, começou a se questionar qual estação seria. 

Pensou primeiro no inverno, por gostar de frio e achar as roupas mais bonitas. Mas também gostava das flores, poderia ser primavera. Lembrou-se que, nas férias, a sua vontade era ver o mar, talvez fosse verão. Depois levou em consideração o outono, estação em que tudo se encerra para, depois, recomeçar… Observando as pessoas ao seu redor, enquanto tentava decidir qual das quatro estações escolheria ser, um pensamento mais forte tomou conta da mente dele: “eu seria a estação do metrô”, pensou.

Estático, pôs-se analisar a sua história e aquela estação. Concluiu que a sua vida era exatamente igual a ela: vagões iam e vinham, pessoas entravam e saiam, mas ninguém chegava para ficar. Eram todos passageiros, todas passageiras…

Enquanto analisava seus relacionamentos e a forma como começaram e acabaram, passou a fazer uma analogia entre a sua vida e a estação de metrô. Descobriu algo fantástico, mas que também o destruiu por dentro: ele nunca havia sido o destino final de alguém, era apenas o caminho. Como um barco que levava uma pessoa a outra margem, mas sempre retornava vazio.

Depois de um tempo, já assentado em um dos vagões, a sua analogia deu lugar a um incômodo “porquê?”. Em busca da resposta, traçando um paralelo entre as suas antigas relações, viu, por mais que não fosse algo que procurasse conscientemente, um padrão nelas. Até então, todas as pessoas que entraram em sua vida tinham outra para superar. Às vezes recente, outras vezes antiga, mas todas com uma ferida ainda aberta. Ele, então, as ajudava a superar, mas as via ir embora pouco tempo depois. Como pássaros de asas quebradas, as pessoas se aproximavam dele e permitiam que ele as cuidasse, mas, depois, com as asas já curadas, elas voavam para longe. Ninguém fazia ninho. Assim como naquele vagão, em sua vida entravam apenas passageiros.

Ainda pensando em suas antigas relações, lembrou-se de paixões que teve no passado e se casaram logo após o término com ele. Quase todas… Era como se seu azar no amor fosse um amuleto da sorte para as pessoas que se aproximavam dele. Mas, embora o seu coração gritasse por alguém que quisesse ficar, sabia que isso deveria ser uma necessidade do outro e não uma imposição dele. Se o amor que tinha a oferecer não fosse suficiente para as pessoas, era mesmo melhor que elas não ficassem… Ele não era como uma gaiola para aprisionar, mas sim como um galho sempre à espera de um pássaro que fizesse ninho e escolhesse ficar.

Acreditava fielmente que cada pessoa tinha um propósito na terra e, naquele momento, havia acabado de aceitar o seu: ele era o caminho. Olhando para fora da janela do vagão, depois que o metrô parou em outra estação, avista uma pessoa com várias malas aguardando na plataforma. Mas ela não entra em nenhum vagão, como quem aguarda outro passar o próximo passar, mesmo que todos façam a mesma rota, ou como quem, com tanta bagagem, estivesse ali com a intenção de ficar. Mas sabia que ela também não iria ficar.

Enquanto o metrô se dirigia à próxima estação, ele volta a pensar em si mesmo. Embora as quatro estações do ano também se despedissem para a chegada da próxima, nesse ciclo havia sempre a certeza de que, depois, iriam voltar. Mas, embora algumas pessoas embarcassem em sua vida com muitas bagagens, como quem vai para ficar, eram apenas passageiras que, cedo ou tarde, optariam por desembarcar. E, na estação dele, nunca mais iriam voltar…

Guilherme Givisiez

Atraso é essa minha mania de me agarrar a âncoras quando tudo o que eu preciso são velas para fazer, dos ventos da tempestade que há tempos assombra os meus mares, movimento.

Guilherme Givisiez